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Foto do escritorAndré Luis Coutinho

A CHAMADA | Suspense com Liam Neeson desperdiça potencial com direção protocolar


Desde o bom Busca Implacável de 2008, Liam Neeson iniciou praticamente seu próprio subgênero de filmes de ação e suspense “à moda antiga”, desde as sequências do longa de Pierre Morel, passando pelas suas colaborações com o diretor Jaume Collet-Serra (que incluem obras como Sem Escalas e O Passageiro), culminando em seus mais recentes títulos de qualidade duvidosa como Agente das Sombras e Assassino Sem Rastro.


Infelizmente, o mais recente A Chamada faz parte desse último balaio. Partindo de uma premissa simples que lembra aquela do ótimo Velocidade Máxima, Neeson interpreta um financista em Berlim que, ao levar seus dois filhos para a escola, recebe uma ligação misteriosa informando que uma bomba está instalada em seu carro, começando assim uma cadeia de chantagem pessoal e corporativa, além de uma crise paranoica na capital alemã. O fato da premissa ser básica jamais representa um ponto inerentemente negativo desse novo projeto de Nimród Antal; logo acima, dei o exemplo do filme com Keanu Reeves que é um baita exemplar do cinema de ação dos anos 1990. O problema está em como Antal desperdiça o potencial dessa simplicidade ao ser simplório. E não, “simples” e “simplório” não possuem o mesmo significado.


Temos aqui um filme que se passa 95% dentro de um carro, focando nas três pessoas que nele estão inseridas. Isso até poderia valer como desculpa para o cineasta não tentar nada de novo se não tivéssemos ótimos exemplos como Por um Fio e até mesmo o primeiro Jogos Mortaispara provar como longas limitados a uma só locação e a um número mínimo de personagens podem usar de seus talentosos diretores para conferi-los uma energia criativa que potencializa a tensão de toda a situação. Aqui, Antal varia entre uns quatro ou cinco planos dentro do carro que tornam toda a “aventura” entediante e repetitiva. Como se não bastasse, a própria reação dos dois filhos do protagonista (vividos por Jack Champion e Lilly Aspell)diante de toda a situação soa desprendida demais, a não ser quando o drama chega a pontos-chave em que a resposta dos dois jovens seja essencial.


Além disso, todo o drama que envolve o personagem principal e sua esposa, assim como a tensão adicional da polícia berlinense, soam artificiais até o último segundo, como se o roteiro sentisse necessidade de criar um melodrama no meio para parecer mais interessante ou relevante. Ao menos, Neeson potencializa essa tentativa, já que seu costumeiro desinteresse recente em atuar ironicamente encaixa como uma luva nesse personagem estressado e emocionalmente desprendido de tudo que não envolva seu trabalho.

   Contando ao menos com uma ou outra boa cena de tensão, A Chamada no geral é extremamente burocrático, protocolar e desinteressado, daqueles filmes que aparentemente foram realizados a partir de um algoritmo predeterminado. Até quando, Liam?!

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