Foto: Divulgação Synapse Distribution
David Contra os Bancos pode ser definido inicialmente como um daqueles filmes sem nenhum tipo de ambição, ausente de qualquer obstinação cinematográfica por parte do diretor ou mesmo da produção, possuindo como seu objetivo unilateral apenas contar um pequeno conto. Dirigido por Chris Foggin, o longa narra a história de Dave Fishwick (Rory Kinnear), um pequeno homem de negócios do norte da Inglaterra que compra uma árdua batalha com as grandes corporações para abrir um banco regional em sua cidade, narrativa essa contada pela perspectiva de Hugh (Joel Fry), um tímido advogado londrino que auxilia David em sua empreitada.
O filme possui aquela típica construção narrativa do herói social, daqueles que aderem a uma causa quase perdida em prol da comunidade no qual fazem parte, isso é exaltado quando todo o ponto de vista do conto é concedido a Hugh. O personagem funciona como uma porta de entrada para aquele pequeno universo de Dave em Burnley, sendo essa a cidade em que grande parte do longa se passa, sendo ela funcionando quase um personagem dentro da história. Todo o desenrolar da história se baseia na benevolência de Dave, que busca apenas auxiliar sua comunidade, que unida a seu pequeno carisma, até desenvolvemos uma certa empatia pela sua causa, ainda mais quando o conhecemos por Hugh, que acompanha essa breve jornada contra os grandes negócios que largaram a população mais pobre do país nos encalços da sociedade, ao mesmo tempo que observamos seu olhar de respeito perante o empresário, mais uma vez contribuindo na construção do carisma de Dave. Mesmo que esse não seja um dispositivo narrativo muito eficiente, pois o longa se estabelece muito nesses padrões de narrativa, deixando um pouco a desejar em uma construção mais fluída e impactante.
Foggin não pareceu se preocupar em uma construção dos elementos da história, tudo ali parece meio jogado por uma pura vontade do diretor, sendo um grande exemplo disso a presença da música em grande parte do longa. Apesar de podermos interpretar a constante aparição do rock como uma alusão a resistência social da cidade contra o capitalismo em geral, mesmo assim essa correlação em praticamente nenhum momento é efetivamente concebida como algo relevante dentro da história, tendo seu único momento de relevância ao show final da banda de rock inglesa Def Leppard. Porém, até nesse momento em que esse elemento musical deveria ter seu auge em meio a narrativa, ele infelizmente cai em uma tentativa de atração ou divertimento extremamente rasa, perdendo toda o potencial metafórico da relação entre música e resistência.
Foto: Divulgação Synapse Distribution
David Contra os Bancos até tenta levantar certas questões importantes acerca da luta social contra o capital, mas para em seus dramas rasos e em suas reflexões individuais que não chegam a lugar nenhum. Uma história que poderia obter um teor político e social fortíssimo, mas não alcança seu potencial máximo em meio ao tema.
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