Apresentação aconteceu ontem na Farmasi Arena
Crédito: Carlos Elias Junior / Divulgação
Após 13 anos de espera, os fãs mais assíduos de rock n’ roll clássico e do blues, puderam presenciar a grande apresentação do clássico guitarrista com mais de 60 anos de carreira, que já fez parte de grupos como Cream, The Yadbirds, The Derek And The Dominos e além de sua triunfal carreira solo que atravessa gerações.
Na última passagem de Clapton pelo Brasil, em 2011, Gary Clark Jr. foi escalado para abrir os shows do Clapton, no entanto, naquela ocasião, estava apenas no começo de sua jornada musical, promovendo o lançamento de seu primeiro álbum “Blak and Blu”. E dessa forma, aparentemente causou boa impressão, já que o músico, na época com 27 anos, começou a ser convidado para diversos festivais promovidos por Eric, o já conhecido Crossroad Festival.
Agora, Gary Clark Jr. com mais mala na bagagem, mais discos lançados na carreira, volta com tudo para esquentar a noite e dessa forma a Farmasi arena estava pronta para se transformar no templo do Blues. Com um público majoritariamente de cabelo grisalho chegando aos poucos, por volta de 19:20, sobe o palco Gary Clark e sua banda, abrindo a apresentação com “Maktub”, “Don’t Owe You a Thing” e a já bem conhecida “When My Train Pulls In”.
Crédito: Carlos Elias Junior / Divulgação
Apesar de estar na posição de esquentar os motores para a grande celebração do blues, o show de Gary Clark não foi tão longo, se destacou pelo cover de Steve Wonder, “What About the Children” e por logo fechou sua apresentação com os hits “Bright Lights” e "Habits”. Dessa forma, o guitarrista norte-americano mostrou por que é um nome tão forte no novo cenário mundial do blues, carregando a bandeira do gênero nos últimos tempos. Sua pegada, bem distorcida, aliada a harmonias suaves, faz toda a diferença.
Seguindo conforme o roteiro, por volta das 21 horas, Eric Clapton e sua banda subiram ao palco para delírio dos cariocas, abrindo o show com "Sunshine of Your Love", magnífico clássico da banda Cream, da qual Eric fez parte junto a Jack Bruce e Ginger Baker. Não foi a única canção do seu antigo grupo a ser tocada; após um belo cover de "Key To The Highway" e "Hoochie Coochie Man", "Badge" foi outro superhit da Cream apresentado, proporcionando sete minutos repletos de solos de guitarra que fizeram a banda flutuar sobre o palco.
Sem muitos telões, efeitos visuais ou firulas comuns em shows de grandes bandas, Clapton mostrou que a grandeza de sua carreira está nos detalhes, pois nem mesmo 30 minutos de show se passaram e o público já estava completamente cativado. Em um momento mais intimista, ele trocou a guitarra elétrica pelo violão para tocar algumas canções em versão acústica, como "Running on Faith", de seu aclamado disco Journeyman de 1989, "Change The World" e o cover de Jimmy Cox, "Nobody Knows You When You’re Down and Out".
Entretanto, um dos pontos altos do show foi o encerramento do set acústico com "Tears in Heaven", a música que escreveu para seu filho em 1991, após perdê-lo em um trágico acidente. É evidente que a canção emociona o artista até hoje, e a intensidade do sentimento transcrito nos versos ressoa no público, que sente uma emoção profunda. Apesar de ser uma canção triste, fala sobre superação, mostrando como as dores da vida passam.
Deixando o violão de lado e retornando às guitarras elétricas, Eric mostrou a magia de ser um herói da guitarra, adicionando ao set "Got to Get Better in a Little While", de sua outra banda, Derek and The Dominos, uma música que raramente é tocada na turnê. Em seguida, apresentou "Old Love" e "Cross Road Blues", proporcionando uma verdadeira aula de guitarra. O professor e sua banda transformaram a arena em uma grande sala de aula do blues. Já se direcionando para o final do show, a majestosa e famosa "Cocaine" fez o público tirar os pés do chão para cantar e vibrar.
Após uma breve pausa, e logo após o famoso pedido de bis, Eric e a banda retornaram ao palco com Gary Clark para encerrar o show com estilo, fazendo uma pequena jam e tocando "Before You Accuse Me". Assim, terminou a grande celebração do blues e rock n’ roll na arena. Para aqueles que nunca tinham visto Eric Clapton ao vivo ou para os que esperaram 13 anos por sua volta, a certeza é de que essa experiência ficará gravada na memória para sempre, ter visto e ouvido uma lenda da música mundial.
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