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Foto do escritorDavi Rocha

Eu, capitão: uma jornada cinematográfica encantadora e uma crítica social rasa



A obra cinematográfica "Io, capitano" dirigida por Matteo Garrone apresenta uma narrativa cativante que segue a jornada de Seydou, um jovem senegalês, em sua busca por melhores oportunidades na Itália. O longa representa de forma autêntica os desafios enfrentados por Seydou durante sua jornada de imigração.


As atuações, em especial a de Seydou, são impecáveis, proporcionando um verdadeiro show de atuação que eleva a imersão na narrativa. O título do filme é facilmente conectado à função de capitão do navio de refugiados - tendo um destaque forte no terceiro ato do filme- , mas também estabelece uma poderosa conexão com o poema "Invictus", adicionando uma camada de significado à jornada do protagonista como o capitão de sua própria alma e dono de sua própria alma.

A fotografia, sem dúvida, se destaca como um dos pontos mais robustos da obra, proporcionando uma experiência visualmente envolvente. Em paralelo, a trilha sonora se revela majestosa, adicionando uma dimensão emocional profundamente cativante à narrativa. A fusão harmoniosa de elementos mitológicos e de fantasia à trama dos protagonistas.


A escolha cuidadosa de ângulos e enquadramentos demonstra uma maestria em extrair o máximo de cada elemento em tela, transformando o que poderia ser uma passagem banal em um deslumbramento visual. Cada detalhe é aproveitado para envolver os espectadores em uma experiência estética que transcende a simples representação da realidade.


Apesar da narrativa manter uma proximidade notável com a realidade, a forma como se desenrola não deixa de evocar a sensação de uma aventura fantástica. A capacidade do diretor em equilibrar a autenticidade com toques de encantamento proporciona uma experiência única, em que o público é guiado por uma jornada que mescla habilmente a crueza da realidade com elementos artísticos.


Embora aborde a jornada desafiadora de imigração, a escolha de focar na jornada dos protagonistas, em detrimento de explorar as complexidades morais ou consequências em  

uma crítica incisiva sobre o tratamento dispensado aos imigrantes no país de destino, me parece uma decisão consciente do diretor, seja para não frustrar audiência ou para terminar de uma forma impactante.  No entanto, essa escolha resulta em lacunas na representação completa da experiência dos imigrantes, limitando a profundidade da crítica social que o filme poderia oferecer.


Em suma, "Io, capitano"  acerta em todos os quesitos técnicos visuais de uma cinematografia, apelo visual e atuações bárbaras, mas se enfraquece ao não criticar as questões sociais relacionadas aos imigrantes na Itália, deixando a obra com potencial não totalmente explorado no que diz respeito à sua crítica social.

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