Faz um certo tempo, ou talvez eu nem me lembre, que fiquei nesse estado de não saber exatamente o que comentar sobre o filme, além de um grande vazio criativo para transmitir tal senso de suspense que assola uma narrativa que não sabe em qual ponto focar. O diretor estreante Benoît Delhomme, famoso cinematógrafo com filmes como A Teoria de Tudo, O Menino do Pijama Listrado e No Portal da Eternidade, demonstra pouco do seu poder de direção, caso ele tenha algum, sendo essa falta de construção criativa tão evidente em estabelecer um visual próprio e autoral para seu filme, que o mesmo parece um daqueles suspenses baratos nos altos das prateleiras das locadoras.
Instinto Materno vem muito dessa onda de um suposto revisionismo mascarado de demanda industrial, desde que estúdios como a famosa A24 começaram a vender não apenas seus filmes, mas também o que eles tratavam como uma elevação dos gêneros de tais filmes, se criando assim uma noção de mercado, de certa forma, que rejeita o clássico. Uma ideia geral que o suspense ou o terror não pode apenas se utilizar de uma galhofa cinematográfica, mas sim estimular o pensamento crítico ou algo do tipo, desqualificando certos elementos que fizeram do terror o gênero popular que é hoje. O sangue esguichando, a tensão crescente somada a uma encenação exagerada, aquele erotismo que concede um ar de sedução e perigo a trama, entre outras dessas características que essa nova onda rejeita em prol de um pseudo intelectualismo narrativo.
Essa proposta que engloba as premissas inteligentes, se podemos assim chamar, é predominante no olhar de Delhomme, traçando aquilo que se pode chamar de um suspense psicológico, que além que não se aprofundar em seus temas, ainda um detalhe que faz o filme se auto-sabotar. Me parece que o diretor tentou se levar a sério a todo momento, com o objetivo de criar um suspense a lá Yorgos Lanthimos, com intrigas psicológicas que não possuem um mínimo de apelo dramático, mesmo quando se possui atrizes como Anne Hathaway e Jessica Chainstain nos papéis principais, que apesar da direção sem alma de Delhomme, fazem um trabalho minimamente decente.
Mesmo quando o diretor busca os ângulos do suspense com sua câmera, ele aparenta falhar ao optar por uma abordagem quase distanciada de tudo aquilo que acontece em tela, ele não atinge seu corpo nos momentos de tensão, não desenha um mistério intrigante, muito menos disseca a mente de suas personagens em um colapso mental, nada nesse filme apresenta profundidade.
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