20 de abril nos cinemas
Dilvugação: trailer
O brasileiro Wagner de Assis, após servir como co-roteirista da fantasia infantil “Xuxa e os Duendes” em 2001, iniciou sua carreira como diretor cinematográfico em 2004 com o drama “A Cartomante” e, desde lá, desenvolveu interesses cada vez maiores dentro dos dramas sobrenaturais, em especial relacionados ao Espiritismo – não à toa, seus maiores sucessos são “Nosso Lar” e “Kardec”, grandes expoentes do cinema espírita brasileiro. Porém, confesso que minha primeira experiência com o diretor veio com seu mais recente “Ninguém É de Ninguém”, cuja estreia no circuito comercial dos nossos cinemas será quinta-feira, 20 de abril.
O drama foca no casal Gabriela e Roberto (vividos respectivamente por Carol Castro e Danton Mello), que vivem um casamento recheado de toxicidade pelos constantes abusos e recorrentes crises de ciúmes de Roberto. Claro que eventos específicos acabam agravando a situação, em especial quando sua esposa recebe uma promoção de seu chefe Renato (Rocco Pitanga), o que acaba criando uma união destrutiva entre Roberto e Gioconda (Paloma Bernardi), a esposa gananciosa de Renato.
Baseado no livro de Zíbia Gasparetto, expoente da literatura espírita brasileira falecida em 2018, o longa demora a mostrar seus reais objetivos, desenvolvendo-se durante a maior parte de sua duração como um drama familiar com contornos melodramáticos fortes – advindos da linguagem televisiva, em especial de nossas novelas. Em muitos momentos, Assis acaba concebendo uma abordagem naturalista, a partir da fotografia sóbria de cores lavadas de Kika Cunha. E admito que, em quase toda sua duração, senti que a obra não soube equilibrar bem seu lado caricatural (o que nem sempre é ruim como muitos acreditam) com sua abordagem visual realista, o que acabou enfraquecendo muitos de seus momentos mais carregados dramaticamente.
Porém, devo destacar a dedicada performance de Carol Castro na tentativa de devolver todo esse peso através de seus olhares, que vão gradualmente se transformando de um otimismo ingênuo ao puro desgaste emocional causado por seu marido. O mesmo vale para a fotografia quando o foco está voltado para a residência do casal principal que, apesar de rodeada de janelas, constantemente nutre um aspecto sombrio e pouco convidativo, de energia ruim. Só é uma pena que a mesma lógica visual não seja aplicada à mansão de Renato e Gioconda; afinal, é um casal que passa por problemas bem semelhantes.
Infelizmente, o maior equívoco de “Ninguém de Ninguém” está justamente em seu terço final, quando o sobrenatural finalmente se escancara. Há um exagero aparentemente acidental que se potencializa nesses momentos finais e que, além de enfraquecerem a mensagem importante e relevante, ainda acabam por sabotar as próprias crenças do filme. Ainda assim, não pude deixar de esbanjar um sorriso nostálgico ao lembrar do destino do vilão do drama de Jerry Zucker, “Ghost: Do Outro Lado da Vida”.
Sinopse
Baseado no bestseller de Zíbia Gasparetto, “Ninguém É de Ninguém” é um romance dramático com pitadas de suspense sobrenatural e um viés espiritual. Dois casais - Gabriela (Carol Castro) com Roberto (Danton Mello) e Dr. Renato (Rocco Pitanga) com Gioconda (Paloma Bernardi) - vivem vidas relativamente estáveis até o momento em que seus destinos se entrelaçam. Uma história de amor descontrolado e relações abusivas, mas também de obsessão, cura e perdão.
Assista ao trailer:
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