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Foto do escritorJoão P. Atallah

NOSSO SONHO | Claudinho e Buchecha tem sua história retratada de forma bela na grande tela


Os filmes biográficos normalmente sofrem com uma construção cinematográfica muitas vezes padronizada por um arquétipo narrativo, um grande foco na dramaticidade e em seus desvios durante a vida, terminando naquela tragédia que, de certa forma, remete a uma grande emoção a sua imagem e vida. É nisso que Nosso Sonho arquiteta seus elementos biográficos, porém, com uma leveza e sutileza originadas da boa direção de Eduardo Albergaria, contando a história da famosíssima dupla de funk melody Claudinho e Buchecha, do surgimento da irmandade dos dois até sua ascensão artística no cenário da música brasileira na segunda metade dos anos 90.


O longa já começa seus acertos quando opta por conceder olhar narrativo para Buchecha (Juan Paiva), uma vez que Claudinho (Lucas Penteado) não se encontra mais entre nós, seria difícil e até mesmo polêmico abordar a visão de alguém que não está mais aqui. Dessa forma, o músico falecido é retratado apenas pela memória de seu amigo, que o transforma em uma figura quase angelical, termo usado durante o filme para descrever a personalidade extrovertida e bondosa de Claudinho, interpretado com maestria por Lucas Penteado. Tal estratégia dá ao filme uma leveza cômica que poucas cinebiografias buscam apresentar, traçando uma linha tênue entre os dramas pessoais de Buchecha, vividos pela sua relação extremamente conturbada com seu pai Claudino (Nando Cunha), até os momentos de comédia que partem de Claudinho, tirando boas risadas da audiência. Não há, em nenhum momento, apelo exagerado nesses artifícios narrativos, e atinge seu ápice no grande entrosamento de todos os atores.


Além disso, a nostalgia é utilizada de forma acertada nos momentos que remetem ao legado musical dos dois. As cenas dos shows não possuem qualquer tipo de lente especial que as destaquem do resto do filme, ao invés disso, são filmadas de maneira simplória, escolha artística essa que pode até parecer duvidosa ou até mesmo negativa, porém acaba por casar com a proposta simplista de Albergaria. A fama por trás da dupla se dava por suas letras alegres e contagiantes que agitavam e emocionavam o público. O diretor pareceu entender isso ao simplesmente filmá-los cantando em cima do palco, sem nenhum tipo de movimento ou efeitos diferenciados, sendo as cenas guiadas apenas pelas suas famosas músicas que atingem seu objetivo ao nos fazer cantar juntos. Um tradicionalismo narrativo é evidente em Nosso Sonho, e partindo disso, o diretor consegue nos transmitir o que era Claudinho e Buchecha no meio artístico, além de nos emocionar em seu show final.


Com isso, em Nosso Sonho, o diretor Eduardo Albergariabuscou não melodramatizar ao extremo os acontecimentos da vida dos cantores, mas sim demonstrar a relação de forte amizade que rodeava o sucesso da dupla e como a arte, de todas as formas e meios, une as pessoas. Afinal, Claudinho e Buchecha é sobre união, não separação.

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