Imagem: Divulgação
Existe um pensamento equivocado entre o público médio de que o tema de um filme, série, ou qualquer outra obra artística é importante como definidor de qualidade – especialmente nos casos em que este vem de alguma pauta social ou historicamente relevante. Porém, essa linha de pensamento acaba ignorando o que, de fato, é essencial para um filme funcionar: sua abordagem diante da temática. Infelizmente, “O Falsificador” é um drama histórico que não arrisca em sua abordagem e acaba caindo em um lugar-comum de filmes do gênero, mas esconde um mérito inegável em seu protagonista e em como o mesmo acaba injetando energia inesperada a uma trama tão séria.
O novo longa de Maggie Peren, diretora e roteirista alemã frequentemente envolvida em comédias, narra a história real de Cioma Schönhaus, um jovem judeu metido a artista que descobre um talento especial para falsificar documentos em meio ao regime nazista de Adolf Hitler. E se destaquei esse maior costume da realizadora com comédias, é porque o bom humor é o elemento mais bem utilizado em “O Falsificador”. Vivido com carisma notável pelo queridinho de “Dark”, Louis Hofmann, nosso protagonista se torna um ser admirável justamente por sua capacidade de manter um sorriso no rosto em situações bem arriscadas. E mesmo que todos os personagens a sua volta encarem a triste realidade em que vivem com maior pesar, também são contagiados pela esperança imortal de Schönhaus.
Portanto, se a maioria dos dramas sobre nazismo e Segunda Guerra focam nos esforços dos judeus para permanecerem vivos, aqui na verdade acompanhamos um microcosmos em que o verdadeiro embate é travado entre a dura realidade e um (quase) cego otimismo por parte do personagem-título. E não pude deixar de esbanjar um sorrisinho sempre que a empolgação de Cioma o fazia bater as pernas no chão quase como uma criança travessa, enquanto a trilha sonora de Mario Grigorov acompanhava com acordes singelos mas adoráveis. Obviamente, não nego que o filme reserva momentos de maior tensão, nem acho que desrespeita o contexto histórico terrível que aborda. O terço final, particularmente, chega a ser bem mais desesperador e sombrio do que o resto do filme.
Tirando a bela atuação de Hofmann e a esperança de seu personagem sendo frequentemente transposta para as telas, admito que não há grandes atrativos em “O Falsificador”. É um drama correto e até interessante pelo seu contexto, daqueles que professores de História poderiam usar para mostrar a seus alunos, mas como filme, acaba não se destacando muito das inúmeras produções do tipo que lançam todo ano para tentar faturar alguns prêmios justamente pela sua temática importante. É bacana, mas tinha potencial para um pouco mais do que isso.
O filme estará disponível em vários cinemas do país na primeira edição do Festival Filmelier no Cinema!
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