O desktop horror é um subgênero que vem ganhando uma certa repercussão na última década, muito originado da popularização do cinema de found footage com o lançamento de A Bruxa de Blair em 1999. Dessa forma, se deu início a uma noção narrativa nova aos filmes de terror subsequentes do gênero, a de encena-los a partir de uma ótica caracteristicamente documental, partindo de um realismo em sua abordagem. É nessa pegada que O Jogo da Morte, da diretora Anna Zaytseva, trabalha sua proposta, uma história de terror baseada no famoso jogo real e macabro da baleia azul contada pelas telas do computador.
O longa narra a jornada de Dana (Anna Potebnya) que após a enigmática morte de sua irmã, adentra um pequeno mundo sombrio da internet ao ingressar em um misterioso jogo horrendo que força os participantes a cometerem atos violentos, tudo isso para encontrar os responsáveis pelo suposto estímulo do suícido de sua irmã. A trama ganha um senso de urgência conforme o jogo avança e Dana é forçada a enfrentar diversos traumas psicológicos, ao mesmo tempo que tenta conviver com o luto e lidar com seu relacionamento decadente com sua mãe, tudo isso se unindo para criar um sentimento de claustrofobia tanto na protagonista quanto em nós que a assistimos, a vemos desesperada dentro da minúscula tela apertada do computador que parece diminuir o mundo em sua volta, levando sua psique ao extremo.
O vilão da história é encarnado na misteriosa persona de Ada, um dos coordenadores do jogo que persegue Dana dentro e fora da tela, se personificando em uma clássica figura slasher, uma máscara assustadora e vestido completamente de preto. Essa figura do perseguidor não se dá apenas na simples disputa de gato e rato clássica dos filmes do gênero, mas também em uma presença fantasmagórica que a assombra principalmente em sua cabeça, como se Ada não fosse uma força da natureza que a mocinha principal precisa fugir, mas sim uma força invisível que a influência a se auto flagelar, tanto fisicamente quanto mentalmente. Esta pequena estrutura narrativa clássica do slasher concede um ar de maneirismo à trama, como se a diretora quisesse recriar um arquétipo que remetesse aos grandes filmes que fizeram esses elementos famosos.
O Jogo da Morte surge como um curioso longa que se utiliza de diversos recursos clássicos para contar uma história contemporânea, juntando certas influências clássicas do terror para dar origem a uma narrativa que só poderia ser contada nos dias de hoje, apesar de todas essas características soarem perdidas ao longo de toda a história.
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