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Foto do escritorJoão P. Atallah

O Primeiro Dia da Minha Vida: drama fantástico italiano traz uma grande reflexão acerca de vida e existência.


O melodrama pode enfatiza muito além de uma história focada em um romance entre duas ou mais pessoas, se consolidando como um gênero capaz de arcar com diversas dinâmicas narrativas, potencializando certos elementos do cinema que nos conectam emocionalmente com aqueles personagens transparentes que recebem o nosso olhar de espectador. O Primeiro Dia da Minha Vida, novo longa do diretor Paolo Genovese, parte dessa proposta de dramatizar a vida de pessoas ordinárias e suas relações interpessoais, fazendo isso a partir de uma trama fantástica que não procura se explicar a todo momento.


O longa conta a história de um homem, interpretado por Toni Servillo, que aparentemente possui a responsabilidade de salvar pessoas que cometem suicidio, sendo essas pessoas nesse momento, uma policial atormentada, um palestrante motivacional sem razão de viver, uma atleta que perdeu os movimentos da perna e um garoto de doze anos que é alvo de bullying. Todos esses personagens contrastam neste período de reabilitação espiritual, eles possuem suas sofrências, vivências diferentes que os levaram a cometer esse ato, o que deveria acarretar em ótimas relações e diálogos dentro do filme, algo que infelizmente não acontece. Todas as relações, apesar de existirem, carecem fortemente de profundidade e conexão, me parece que o diretor pareceu tentar costurar essa dinâmica com um discurso de amor à vida que também se apresenta como raso, fazendo com que o principal elemento melodramático do filme se perca.


Todos eles exercem uma forte resistência aos conselhos do homem misterioso, que apesar de soar como um ser fantástico, também possui um certo desenvolvimento que o humaniza, detalhe narrativo que enfraquece o seu realismo fantástico, abandonado em pequenos detalhes aquela relatividade do real que concede brilho às histórias do gênero. Além disso, se pode identificar um ideal estóico por parte de seu realizador, uma característica que resulta de uma desconstrução do sofrimento pessoal de cada um dos personagens, sendo eles repentinamente convencidos a continuar vivendo sem nenhum real motivo que gere um brilho em uma pessoa que chegou ao ponto de tirar a própria vida. Fazendo com que o filme trate não só de maneira rasa, mas também um pouco desrespeitosa uma pauta que requer um desenvolvimento profundo e delicado para a forma com que Genovese propôs sua mise-en-scène.


No fim, Primeiro Dia da Minha Vida, procura exercer uma narrativa que se perde em diversos pontos, como se procurasse contar algo que concedesse uma esperança para aqueles que o assistem, mas fizesse isso da maneira mais rasa possível, perdendo um grande potencial melodramático e fantástico.


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