Um daqueles filmes que parece que só francês sabe fazer! Assim foi a impressão que senti ao assistir "Softie", que foi dirigido por Samuel Theis. A história pode-se dizer, não apresenta nada extraordinário ou fascinante, porém encanta pela atuação dos atores e, sobretudo, pelo protagonista, Aliocha Reinert, no papel do garoto Johnny Jung.
O jovem ator, praticamente estreante, surpreende com a intensidade de sua performance e se destaca em cada cena. É notável testemunhar uma criança tão jovem desenvolver tantas nuances em sua interpretação. Seja na cena de um beijo roubado ou em um conflito familiar, é simplesmente impressionante a autenticidade e a profundidade alcançadas pelo ator. Sua atuação é fundamental para o sucesso do filme, que conta também com performances notáveis de Antoine Reinartz (interpretando o professor Jean Adamski). Além disso, Mélissa Olexa, no papel de Sônia, da vida a mãe de Johnny, também brilha intensamente, demonstrando um entrosamento incrível com os atores.
A direção adota uma abordagem naturalista ao acompanhar a jornada de Johnny, um garoto de apenas dez anos com uma percepção notavelmente avançada para sua idade. Johnny observa o mundo dos adultos, sua família em desordem e a vida agitada de sua mãe. No entanto, sua realidade passa por uma transformação quando um professor da escola reconhece seu potencial e o encoraja a explorar novas possibilidades. Johnny então começa a nutrir um amor pelo professor e junto a isso inicia uma descoberta sobre a sua sexualidade.
Quem nunca experimentou o amor quando criança ou adolescente, ou até mesmo nutriu admiração por um professor! Embora a abordagem possa parecer um tanto clichê, o filme traz consigo uma simbologia marcante da transição da infância para a adolescência. O filme representa essa fase de transição para a juventude. A família de Johnny não se enquadra no estereótipo comum; é uma família problemática, sim, mas não se reduz apenas aos estereótipos de miséria e dor. Com uma bela fotografia, direção precisa e um roteiro bom, o filme também oferece uma crônica da infância que transita entre os aspectos sociais e os dramas das descobertas na adolescência.
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