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Foto do escritorDavi Rocha

Uma vida: o legado de humanidade de Nicholas Winton


"One Life", a cinebiografia de Nicholas Winton, dirigida por James Hawes, se baseia no livro de não ficção "One Life: The True Story Of Sir Nicholas Winton", de Barbara Winton - filha de Nicholas - e conta a história do resgate de 669 crianças judias, que foram levadas para fora do país pouco antes da invasão nazista à Tchecoslováquia. Entrelaçando o passado e o futuro, a trama aprofunda as ações corajosas de Winton em Praga alguns meses antes do início Segunda Guerra Mundial, enquanto simultaneamente explora as repercussões desses eventos no psicológico do personagem.


Ao passo em que os roteiristas Nick Drake e Lucinda Coxon garantem uma representação respeitosa da história de Winton, a direção proporciona um ritmo consistente e uma visão coesa. Enquanto, os atores Johnny Flynn e Anthony Hopkins entregam performances notáveis como as diferentes versões do personagem. Flynn traz uma energia ingênua e esperançosa à versão mais jovem de Winton, enquanto Hopkins transmite a angústia e o peso do arrependimento que o atormentam décadas depois.


O longa consegue transmitir os horrores do fascismo e do seu contexto histórico sem recorrer às cenas de guerra ou cenas gráficas de violência explícita. Em vez disso, o foco está na dificuldade - tanto pela logística quanto pela burocracia - e na urgência de Nicholas Wilton para salvar crianças judias em Praga antes da iminente invasão alemã.


Hopkins entrega uma interpretação excelente, capturando a angústia do personagem. O silêncio de Winton sobre suas ações heróicas, esquecidas ao longo do tempo, reflete não apenas sua modéstia e humildade, mas também constrói o retrato de Winton como alguém atormentado pelo fardo da responsabilidade. Mesmo depois de décadas, o sentimento de não ter feito o suficiente, o peso do que não pôde realizar, apesar de ter feitos extraordinários, o consome.


Ao final do filme, a história de Winton se torna conhecida no programa britânico "That's Life". O momento em que Winton descobre o verdadeiro impacto de suas ações e tem a oportunidade de se reunir com as crianças que salvou, agora adultas e com suas próprias famílias, é profundamente comovente, o filme atinge seu ponto alto da construção emocional, fica evidente uma mudança significativa na postura de Winton, trazendo uma sensação de completude ao seu arco narrativo. Ao reconhecer o impacto positivo de suas ações e testemunhar o resultado de seu altruísmo ao longo dos anos, Winton encontra redenção e paz interior. Esse momento de reencontro e reconhecimento é não apenas gratificante para o personagem, mas também para o público, que testemunhou sua jornada emocionante ao longo do filme.


Dessa forma, o filme deixa uma impressão duradoura, lembrando-nos da importância de reconhecer e celebrar os heróis anônimos que mudaram o curso da história com suas ações altruístas. "One Life" é mais do que uma cinebiografia; é uma homenagem poderosa à compaixão em tempos de adversidade. Por seu trabalho humanitário, Winton foi nomeado cavaleiro pela Rainha Elizabeth II em 2003.


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